Polícia Civil indicia três ex-gestores por crimes cometidos na Cooperativa Casmil, em Passos, MG
03/12/2024
Conforme a polícia, os ex-gestores foram indiciados por apropriação indébita qualificada, associação criminosa, falsidade ideológica e também crime contra a economia popular. Polícia Civil indicia três ex-gestores por crimes cometidos na Cooperativa Casmil
A Polícia Civil anunciou nesta terça-feira (3) o encerramento das investigações que apuraram graves práticas de gestão temerária cometidas por ex-gestores da Cooperativa Casmil, de Passos (MG). Três ex-gestores da cooperativa foram indiciados.
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Conforme a polícia, os ex-gestores foram indiciados por apropriação indébita qualificada, associação criminosa, falsidade ideológica e também crime contra a economia popular por gestão temerária de cooperativa.
As investigações começaram em 2020 no âmbito da operação "Consilium Fraudis". Segundo a polícia, a operação revelou condutas imprudentes e negligentes que comprometeram severamente a estabilidade financeira da cooperativa e prejudicaram seus cooperados.
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Polícia Civil indicia três ex-gestores por crimes de gestão temerária na Cooperativa Casmil, em Passos
Divulgação / Polícia Civil
As investigações apontaram que os ex-gestores da cooperativa realizaram operações financeiras de alto risco, como o desconto duplicado de duplicatas e a alteração irregular de documentos fiscais, sem a devida análise de impacto ou planejamento estratégico.
Essas ações, de acordo com a polícia, caracterizaram uma administração desprovida de diligência e responsabilidade, resultando em dívidas não quitadas com credores, perda de credibilidade no mercado e prejuízos substanciais ao patrimônio coletivo.
Embora não tenha sido constatada apropriação pessoal dos recursos, os atos dos gestores violaram padrões mínimos de cuidado e expuseram a cooperativa a um endividamento insustentável, configurando crime contra a economia popular.
Polícia Civil indicia três ex-gestores por crimes de gestão temerária na Cooperativa Casmil, em Passos
Reprodução/EPTV
A análise técnica e pericial revelou, ainda, manipulações em documentos fiscais, que mascararam a verdadeira situação financeira da instituição, consequentemente, dificultando a transparência para os cooperados.
O inquérito agora segue para a Justiça.
Crise na Casmil
A crise da Casmil começou em 2007, quando uma investigação apurou a adulteração de leite. Segundo o que foi apurado, as cooperativas adicionavam soro, um sub produto da fabricação de queijo, no leite e usavam substancias químicas para que isso não fosse apontado em exames que mostram a qualidade do leite. Na época, 26 pessoas foram condenadas pela Justiça Federal por este caso.
Já em 2020 outra investigação apontou o desvio de pelo menos R$ 500 mil. A suspeita era de que o esquema permitia que a cooperativa recebesse duas vezes por uma operação. No mesmo ano, o parecer do conselho fiscal indicava uma divida de R$ 14 milhões, mas o valor real, de R$ 90 milhões, foi descoberto após uma auditoria.
A dívida seria rateada entre os 1,2 mil cooperados da instituição após assembleia realizada em agosto de 2023.
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